Trazer a atenção plena para atividades simples como beber chá nos treina a direcionar a atenção de forma consciente.
Podemos pensar que escolhemos em que estamos prestando atenção na vida, mas na realidade a maioria de nós é movida pelo hábito e impulso.
Ao escolher deliberadamente participar de uma atividade, desaceleramos as coisas e nos permitimos tomar consciência do processo de participação e talvez do pouco controle que geralmente temos sobre ele.
Podemos notar a divagação repetida da mente enquanto tentamos ficar com o que está acontecendo agora, pois estamos aprendendo a ver o que muitas vezes é obscurecido pela distração.
Ao voltar repetidamente ao aspecto de beber chá, estamos cultivando a capacidade de concentração. E porque praticamos essa tarefa com gentileza, sem julgamentos ou nos esforçamos para alcançar algum objetivo, estamos simultaneamente treinando a aceitação e a compaixão.
Atenção plena significa prestar atenção com os sentidos e no corpo como sentir, tocar, ver, ouvir e saborear.
O sentir sempre acontece dentro do corpo e no momento presente, ou seja, você não pode sentir algo em seus pensamentos, ou no passado ou futuro.
Então esta sintonia com a sensação ajuda a nos trazer para a realidade do aqui e agora.
Sentir atentamente, cria um espaço onde podemos experimentar o que está acontecendo, ao invés do que pensamos que deveria acontecer ou o que já aconteceu.
É uma chance de praticar o descanso da mente analítica que habitualmente busca soluções, mesmo quando nenhuma está disponível.
Também estamos praticando a escolha consciente. Observando como tomamos decisões simples como despejar água e adicionar as folhas de chá na chaleira, trazendo uma consciência deliberada para atividades que muitas vezes são realizadas no automático.
Você já se pegou fazendo algo só porque é assim que você aprendeu?
Se não sabemos como nos sentimos fazendo algo, é impossível nos tornarmos livres. Mas se podemos começar a praticar o observar quando estamos agindo no piloto automático, por força do hábito ou por impulso, já criamos a possibilidade de algo diferente.
Estamos começando a saber o que estamos fazendo à medida que o fazemos. Esse conhecimento pode começar bebendo chá e, então, expandir para todos os aspectos da vida.
Prática consciente de beber chá:
Se você está se sentindo muito deprimid@ ou ansios@, mesmo os curtos períodos de meditação podem parecer opressores no início.
Portanto, trazer a atenção plena para as atividades cotidianas, como beber uma xícara de chá, escovar os dentes ou dar uma caminhada, é uma maneira suave de começar.
Segue abaixo algumas sugestões sobre como praticar o consumo consciente do chá. Obviamente, você pode preparar e beber o chá da maneira que quiser ou substituí-lo por outra atividade regular, mas o importante é se entregar a ver, sentir, saborear, tocar e ouvir, e voltar suavemente aos sentidos sempre que perceber que a mente está se perdendo no pensamento.
Preste atenção ao som da água aquecendo e fervendo na chaleira, e ouça seu borbulhar. Você pode ver fios de vapor saindo da bica? A chaleira sacode sutilmente com o movimento da água dentro? Esteja aberto e aberta aos seus sentidos, em vez de tentar analisar o que está acontecendo.
Observe a sensação de estar em seu ambiente: o contato de seu corpo na cadeira ou no chão, se você estiver sentado; ou o peso de seus pés no chão, se você estiver de pé.
Observe a mudança de cor da água em contato com as folhas de chá. Quando sua mente divagar no pensamento, como provavelmente acontecerá, gentilmente volte a atenção para a sensação.
Aguarde esfriar um pouco a xícara observando sua respiração. E após esse tempo, acomode a xícara em suas mãos sentindo a textura e a temperatura. Observe o aquecimento da xícara que contém o líquido quente. Como você sente as mãos ao segurá-lá?
Agora aproxime a xícara dos lábios. Esteja interessado em saber como sua mão e seu braço sabem como se mover nessa direção sem que você tenha que dizer a eles conscientemente o que fazer.
Tome um gole de chá. Em vez de engolir de imediato, veja se consegue deixar o gosto fazer cócegas em sua língua. Talvez mova suavemente o líquido ao redor da boca. Saboreie o sabor – é agradável? Ou talvez você prefira mais forte ou mais fraco? Mas você não precisa fazer nada sobre isso, e apenas esteja ciente de suas sensações. Se houver pensamentos, deixe-os entrar e passar por sua mente sem segui-los. Tente ficar com a degustação. Observe sem julgamento qualquer desejo de apressar a bebida e qualquer impaciência que surgir. Se houver pensamentos, deixe-os entrar e passar por sua mente sem segui-los. Observe sem julgamento qualquer desejo de apressar a bebida e qualquer impaciência que surgir.
Quando você decidir engolir o chá, observe como essa decisão é tomada. É uma escolha consciente ou acontece automaticamente? Fique atento à deglutição, aos movimentos na parte de trás da boca e na garganta, e ao engolir o líquido, o que você percebe? Qual é a sensação de estar engolindo?
Faça uma pausa agora, percebendo qualquer sentimento de irritação ou pensamentos como: eu tenho coisas melhores para fazer. Ou talvez uma sensação de paz ou quietude penetre em você. Se sim, onde você sente isso? Talvez haja algo mais acontecendo em sua mente e corpo, não relacionado a beber chá, puxando você para pensamentos do passado ou do futuro. Se for assim, apenas observe. O que quer que apareça em sua experiência está certo do ponto de vista da meditação – não há nada certo ou errado para notar. Traga uma consciência gentil para tudo o que surgir. Tornar-se consciente de quanto a mente vagueia, é um sinal de crescente consciência.
Dê uma olhada ao seu redor, abrindo os olhos para o que está à sua volta, sem se mover, é apenas com os olhos.
Agora, volte sua atenção para a xícara de chá em sua mão. (A temperatura caiu?) Observe enquanto você decide quando iniciar o processo de tomar outro gole. Volte ao passo sete e continue bebendo o chá até que a xícara esteja vazia ou você decida parar de beber. O chá esfriou, mudou o sabor, sente vontade de continuar a sua próxima atividade?). O que quer que você escolha fazer em cada momento, tente assistir a experiência da perspectiva de um observador engajado. Você não precisa seguir essas etapas como uma lista de tarefas rígida.
A chave é se abrir para o espírito da prática, sentindo com delicada precisão o que está acontecendo, momento a momento, e voltando a observar-se sempre que perceber que entrou em algum pensamento.
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